Penthouse é um dorama de vingança dramático, exagerado e apaixonante que fez um imenso sucesso em seus 20 episódios, a ponto de ganhar mais duas temporadas e alcançar a oitava posição na lista de dramas coreanos de maior audiência em transmissão pública de todos os tempos. Aqui, falaremos da primeira temporada.
A história é assinada por Kim Sun Ok e dirigida por Joo Dong Min, uma dupla que deu muito certo fazendo o dorama famoso A Última Imperatriz (também um makjang). Penthouse: War in Life conta a história dos seletos e privilegiados moradores de um condomínio de luxo fictício chamado Hera Palace, localizado em Samseong-dong, em Gangnam. Essas famílias milionárias estão em constante brigas de ego, sedução e poder, inclusive entre seus filhos e a posição de melhor cantor de ópera em uma concorrida escola. Para estar no topo e proteger sua família, status e suas crias, são capazes de tudo que sua influência e dinheiro puderem alcançar, até mesmo assassinato. A trama gira em torno do mistério da morte de uma jovem mostrada logo nos primeiros minutos e a sede de vingança que ela desperta.
Se você achou SKY Castle o suprassumo do cinismo dos ricos e cheio de personagens que não prestam, Penthouse é dez vezes pior. Pense em algo horrível que um personagem poderia fazer. Os personagens de A Cobertura fazem pior. É muito difícil de gostar de um personagem aqui por muito tempo. Quase ninguém presta, com exceção de um total de três personagens – e olhe lá. Não é como outras tramas, nas quais os personagens são carismáticos com alguns defeitos. Não, são todos ou vilões da pior espécie de canalhice ou, no menor nível, vilões “engraçadinhos”. Mas todos são horríveis. Os poucos heróis, ou aqueles que tentam agir com um mínimo de decência, logo são calados, humilhados, apagados e, sinceramente, é angustiante do começo ao fim.
Tendo isso em vista, por que alguém assistiria isso?
Bem, este makjang, ou seja, um novelão para deixar orgulhosos os fãs de novelas mexicanas, é extremamente viciante e delicioso. Na busca por um desfecho justo e até mesmo uma vingança que o espectador deseja ter em relação ao elenco, os episódios são facilmente maratonáveis, mesmo possuindo 1 hora e 20 de duração.
Novela mexicana?
Com uma união deliciosa entre a série Revenge, Usurpadora, Avenida Brasil e O Outro Lado do Paraíso, a trama tem de tudo de mais absurdo, exagerado e tenso que um novelão poderia ter: assassinato, pegação, traição, gritos de raiva, objetos aleatórios quebrados nas cenas, planos maléficos contra bebezinhos, sequestro, órfãos, drama, “quem matou?”, reviravoltas, vingança, disfarces e parentesco surpresa.
É isso mesmo. Para apimentar ainda mais, uma observação interessante é que tudo gira em torno de ópera e música clássica. Este é o mais dramático dos gêneros musicais, com letras trágicas, sobre morte e sofrimento. Por esse ângulo, Penthouse se torna um tipo de “dorama de ópera” bem mais interessante do que chamado de novela.
As músicas por trás
Se você é entendido de ópera, provavelmente vai adorar as referências. Lascia Ch’io Pianga, Requiem de Mozart, Rainha da Noite da Flauta Mágica… Acredito que as escolhas dessas músicas não foi por acaso, então fiz uma lista de músicas de Penthouse e uma pesquisa sobre seus significados comparando com o dorama em um texto à parte. Confira clicando aqui.
Elenco
Fica muito difícil falar do elenco, quando todo ele é bem explorado e tem seus momentos de cena. Apesar de ter vários núcleos de moradores, o tema é bastante centrado, então todos os personagens convivem no mesmo ambiente: Hera Palace ou a escola de música.
Dos adultos, destacam-se Lee Jiah (“a esposa” em My Mister, e protagonista em Beethoven Virus), como a dócil arquiteta moradora da cobertura ao lado de seu marido, interpretado por Uhm Ki Joon (Eu Não Sou Um Robô, Eu Ouço a Sua Voz, Sonhe Alto, Perfume de Mulher… ). A grande estrela Cheon Seo Jin, interpretada pela Kim So Yeon – haja garganta! – (Mãe Minha, IRIS, Happy Home), e seu marido interpretado por Yoon Jong Hoon (Extraordinary You, Hae-Ryung: a historiadora, Find me In Your Memory). Temos também o retorno para as telinhas da ex-idol de K-pop Eugene (membro do primeiro grupo feminino da SM, o S.E.S) e uma participação beeem especial de Park Eun Seok (Voice 2).
Dos mais novos, algumas atuações marcantes de: Jo Soo Min (Royal Secret Agent, e uma pontinha no episódio 3 de Toque seu Coração), como a professora Anna. Kim Hyun Soo (Haeryun: A Historiadora; O Perjúrio de Solomon; e a versão mais nova da protagonista em Meu Amor das Estrelas), como Bae Rona – e que até no nome lembra a Kim So Hyun!, e Kim Young Dae (Extraordinary You), como um dos gêmeos. Eu achei a atuação da atriz da Han Eun Byeol bem peculiar, mas a direção sabe usar isso para ficar assustador – aparentemente o primeiro trabalho da Choi Ye Bin. A Jin Ji Hee como Jenny está boa, ela é uma atriz experiente, mas a personagem não faz nada de relevante. Já a Han Ji Hyun faz bem o papel em irritar profundamente a audiência.
Por que não assistir?
Já cantei a bola de como é essa série. Se algo aqui não é pra você, desista. Afinal, para manter o fogo no parquinho, a trama dá voltas e fica cada vez mais complicada, mas faz questão de tentar explicar tudo com flashbacks e foreshadowing. Desligue o lado detetive de lógica se quiser se divertir com esse dorama, porque algumas cenas passam bem longe do bom senso. É um novelão e dos bons.
Pesadíssima, dramática e, muitas vezes, absurda – daquelas cenas bem ridículas mesmo (só para citar algumas: uma mãe lutando contra seguranças, sequestro com direito a amarrar mãos em uma cadeira…), mas uma vez que você aceita isso, a história é viciante. Algumas cenas de vilania beiraram o cômico mas não intencionalmente. É porque foi tão vilanesco e exagerado que perde o contato com a realidade, ou seja, aquele medo de que poderia acontecer de verdade. No entanto, mesmo com esse tom “vilão de Power Rangers” , a curiosidade que a história te gera de onde isso pode parar é tanta que você acaba maratonando.
Outro motivo para maratonar é a busca por justiça. Senti muita falta de uma heroína para torcer desde o começo. Só existem duas personagens com um caráter razoável e uma delas está morta logo nos primeiros segundos do dorama. É angustiante!
O que eu não gostei
O ponto negativo da série para mim, além das vezes que o exagero passa da conta da minha paciência, é a personagem Yoon Hee. Seu desenvolvimento é uma bagunça e um tanto decepcionante. Tinha muito potencial, mas… Sem spoilers.
Em resumo… A Cobertura é bom?
Um dos grandes méritos do roteiro é explorar bem todas as questões apresentadas e resolver os problemas rapidamente, sem jamais deixar o clima esfriar. Não pense que o mistério da morte da garota da prévia vai levar mais do que quatro episódios para ser resolvido. Engraçado, intenso, envolvente, mas revoltante – é necessário estômago para assistir, porque não existe justiça aqui. A trama agarra-se à ópera e acaba sendo um tipo de ária por si mesma, o que torna as explosões emocionais apaixonantes.
Esteja preparado para uma trama perversa, insana e apaixonante, com reviravoltas que compensam ao manter a curiosidade até o fim. Em busca de justiça você assistirá avidamente até que as cortinas se fechem. Esteja avisado.
Nota:
Apesar da nota não tão alta, admitindo os probleminhas, eu considero um drama muito especial e imperdível para quem gosta do gênero e tive uma experiência nota 10 com tudo.
O que assistir a seguir?
Penthouse terá uma segunda temporada prevista para fevereiro de 2021. Eu vou assistir! (Confira aqui a resenha completa da segunda temporada)
Apesar de ter um clima inversamente oposto, se você quer um dorama escolar de música, uma boa história curtinha é Page Turner, cuja protagonista lembra muito a Rona. Só que sem metade do drama carregado.
Se o drama, a gritaria, a briga de famílias e jogo de interesses envolvendo pais e filhos for seu forte, outro makjang queridinho na Coreia do Sul – chegou a ocupar o topo de maior audiência de doramas exibidos em tv por assinatura – foi SKY Castle, um condomínio fechado no qual seletos moradores podem fazer parte, enquanto os filhos competem pelas melhores notas a fim de alcançar a “SKY”, as três melhores universidades sul coreanas. A história tem muitas semelhanças, mas eu diria que Sky Castle é mais sutil, aproximando-se mais de uma paródia do que a intensidade violenta de Penthouse.
Eu concordo plenamente com a jornalista sobre PENTHOUSE mas e muito bom, exagerado, muita trama, tiro porrada e bomba amo! Outra interessante e miss Monte Cristo, na mesma pegada!
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