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[Resenha] My Shy Boss: história mais retraída do que seu protagonista deixa muito a desejar – parei de ver

My Shy Boss, ou Introverted Boss, é um dorama de 2017 que conta a história de um CEO introvertido que sofre de fobia social que acaba se envolvendo e aprendendo a se relacionar com a ajuda da irmã da secretária que era apaixonada por ele, mas cometeu suicídio. Quê? É, a verdadeira sinopse da história é essa e você deveria saber disso. Falo mais abaixo.

A trama

A história dos 16 episódios foi escrita em 2017 por Joo Hwa Mi, de Marriage, No Dating, e Miau, o Garoto Secreto. Não assisti ao primeiro dorama, mas parei de ver o segundo e este aqui definitivamente não foi o melhor exemplar para me convencer a ver um terceiro…

A irmã mais velha de Ro Woon, uma cantora de ópera, se suicidou trabalhando para o CEO misterioso de uma empresa de relações públicas. Para vingá-la, ela decide trabalhar no lugar da irmã e expor os crimes do chefe. Porém, ela não sabe que ele é, na verdade, o fã misterioso que lhe entregava flores em todas as apresentações como forma de confortá-la secretamente, nem que na verdade sua irmã parece estar envolvida em um triângulo amoroso entre os dois chefes e amigos (mesmo que só ela goste dele, ele carrega uma culpa até hoje e fica preso no passado). É assim, com essa proposta tão esquisita, que começa o dorama.

My Shy Boss tem uma história peculiar, mas bem fraquinha, com motivações fora da realidade. Os atores não são muito conhecidos e os personagens não ajudam nada a você gostar deles. Demora muito tempo para sentir qualquer coisa por eles além de um certo ranço. Consegui ir até o 7, quando as coisas começam a melhorar um pouco, mas não o suficiente.

A história tenta falar de fobia social, de um personagem excêntrico que não se encaixa, mas isso é feito de uma forma fantasiosa demais. Não convence como um drama sério o suficiente para retratar essa condição tão paralisante que existe no dia a dia. Fobia social é uma questão séria e acredito que faltou muita sensibilidade para construir o personagem, que, ao meu ver, ficou em torno de características estereotipadas e por vezes quase cômicas, faltando uma humanização, um aprofundamento em suas emoções. Suas dificuldades eram válidas, poderiam ser tratadas com bastante verdade, mas a protagonista feminina com quem ele contracena não ajuda em nada a fazer esse contraponto acolhedor que faria com que o espectador se sentisse abraçado e queira promover mudanças em sua própria vida. Pelo contrário, ela é o maior problema desse dorama, com sua personalidade egoísta, esparrenta, espalhafatosa, intrometida, sem noção e inconveniente… Mas “ah ela é tão falante!!! Que alegrinha ela!” Não me desceu.

O elenco

O protagonista, Yeon Woo Jin, fez um príncipe em Rainha por 7 Dias. Honestamente falando, não consegui gostar do personagem o suficiente. Apesar de ter a fobia social, fiquei com a impressão que o ator não faz a menor ideia do que é isso, porque o personagem só parecia… estranho. Não sei, não me convenceu, não parecia ter dor envolvida em suas atitudes, ainda mais porque vocês me disseram que ele não gostava da irmã, que tudo aquilo era só amizade. Achei perturbador o fato de que a secretária era apaixonada por ele (**corrigido) e agora ele vai se envolver com a irmã dela como uma substituta, sendo que ele não superou a morte da mulher. Socorro?

O amigo do CEO que o carrega nas costas, mas compete com ele pelas mulheres, é Yoon Park, o ex da protagonista de Clima do Amor. Achei que uma história do triângulo amoroso original seria MUITO mais interessante do que a forçação de barra que é a Ro Woon gostando dele também. Nos comentários me apontaram que a secretária é que gostava dele, mas ele só a via como amiga. Isso torna a premissa mais enfadonha ainda para mim, já que infelizmente a irmã que ele não gostava tinha mais química com ele do que a protagonista. O personagem é um covarde e também não inspira muito carisma como seu personagem na série mais atual.

@dramaintherain

A protagonista é da Park Hye Soo (Saimdang, O Diário da Luz e a protagonista sonsa do Age of Youth), mas tudo nessa personagem e/ou atuação faz parecer que ela é núcleo de apoio. Fiquei esperando ressucitarem a irmã dela, que tem muito mais material. A função da Chae Ro Woon era dar um suporte para o protagonista para promover suas mudanças, mas ela parece que atrapalha mais do que ajuda. Seu jeito de ser é incisivo, parece aquelas pessoas gratiluz que tentam mudar os outros à força sem ter um pingo de empatia pelo que eles passam. Os méritos da mudança estão no pobre do protagonista, apenas, mas achei as interações deles bem abusivas, do ponto de vista que ela o trata como se fosse uma escolha ser assim. Enfim, achei intrometida e inconveniente com vários outros personagens e confesso que comemorei o tapa na cara, por mais que não se deva fazer isso.

Por último, a irmã Chae Ji Hye, interpretada pela Han Chae Ah (Máscara de Noiva), teria sido uma protagonista mais interessante, mas é angustiante demais assistir à série gostando mais dela do que da protagonista sabendo que ela se suicidiou. Porém, mesmo assim, ela fica aparecendo em flashbacks intermináveis, que parecem ser no tempo atual de tão mal editados – o que me causou a confusão de que o protagonista até gostasse dela também, senão, não teria por que colocar tantas cenas dela.

Não é que a personagem seja um primor, afinal, achei a motivação dela extremamente questionável — não digo que existe um motivo para a pessoa que é vítima de suicídio, pois ela está doente, mas para termos de uma HISTÓRIA, precisa ter algo construído ali, causar algo no espectador ou ter algo a contar, mas é muito jogado e aleatório como tudo acontece. Fiquei esperando um assédio, mas o roteiro dá a enteder que não, que foi porque ela teve medo do que o protagonista ia pensar e ele não gostava dela. E não constroi nada em cima disso. Olha… difícil.

É tão ruim assim? Mas tanta gente gosta…

Primeiro que quem gosta geralmente diz que tem que pular os quatro primeiros episódios para melhorar. Ou seja: temos nitidamente um problema grave de roteiro e isso é uma das coisas mais imperdoáveis para uma história. O segundo erro é não definidir o que a história quer ser.

É sobre desenvolver o lado sociável do personagem? Pois isso é feito de forma preguiçosa, sem a sensação de ser algo real e demora muito, muito mesmo, para começar a mostrar essas dificuldades sem parecer um tipo de teatro caricata de um presidente egocêntrico que vive em um palácio e assusta as funcionárias. A ideia era ser uma comédia escrachada? Faltou ser engraçado e também faltou trazer o humor com propósito, há dezenas de personagens que são caricatas mas trazem verossimilhança, carisma e simpatia, além de evolução e sensação de problema real (como O Que Há de Errado Secretária Kim, por exemplo). Era para ser dramático por falar de saúde mental e suicidio? Faltou peso na trama, senso de urgência e, principalmente, cuidado ao abordar o assunto. O lance era construir um romance? Pois a química deu mais certo com a irmã morta do que com a mais nova. Nada funciona muito bem aqui e a trama mais interessante é um longo flashback encaixado com um desfecho que a gente já sabe qual é.

A mensagem, o propósito, de tentar mostrar como são injustiçados e mal vistos pessoas com boas intenções, mas que não sabem se comunicar, é até boa e é o motivo que pode encantar os introvertidos desse mundo que tenham dificuldades reais com timidez e fobia de relacionamentos. É difícil encontrar no mundo do entretenimento uma repretação dessa maneira, então pode ser sim que isso te encante e lhe toque em algum lugar. Porém, não gostei da maneira como foi construída e acredito que tenham outros títulos que melhor trazem essas questões sem se arrastar no roteiro.

Em resumo, fiz um esforço grande para assistir a essa série, mas foi muito difícil não pular algumas partes e depois resolver poupar o meu tempo. Por esse motivo, não recomendo, a não ser que você esteja disposto a ver qualquer coisa. Na época do lançamento mesmo, em 2017, havia outros títulos melhores com a temática semelhante.

Hoje em dia, então, tem melhores investimentos que você pode fazer com seu tempo. Há romances de escritório mais interessantes por aí, para citar por exemplo o charmoso Business Proposal / Pretendente Surpresa que brilha simplesmente por não querer se levar a sério, e protagonistas esquisitos mais charmosos em sua dificuldade social em diversos outros doramas, citando por cima aqui, Porque Esta É minha Primeira Vida, Beleza Interior, Holo, Meu Amor ou Secretária Kim.

Nota:

Avaliação: 1.5 de 5.

7 comentários

  1. O sumário/spoiler está correto. O distúrbio, fobia social foi tratada de forma estereotipada, sem fundamento ou estudo. Inicialmente, as pessoas em volta dele tinham pavor, medo do chefe? O que é isso? E a protagonista? Ela que era a louca do drama: mal educada, espalhafatosa, invasiva e sem limites. Ou seja, uma sem noção. Não gostei, comecei a assistir, mas sem condição de continuar diante de tanta bobagem. O ceo fez uma bom papel, mas as pessoas em volta tratavam-lhe como um bobo da corte. Para um ser limitado, o remédio é também amor, empatia, compreensão e principalmente respeito.

    Curtido por 1 pessoa

      1. Mas espera aí, pelo que eu entendi a relação dele com a irmã da protagonista era apenas de amizade, já que ela o ajudava com a sua fobia social, tanto é que ele até se envolve em um quase relacionamento com outra mulher enquanto isso, somente na reta final é que nós descobrimos que ela sim era apaixonada por ele, mas ele nunca percebeu

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    1. Eu vi essa série, e adorei e pelo que eu entendi, o personagem não gostava da secretária ela sim gostava dele.

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