Resenhas de Kdrama

[Resenha] Descendentes do Sol: dorama com romance entre militar e médica era o Pousando no Amor de 2016

Descendants of The Sun conta a história de um capitão das forças especiais que se apaixona por uma médica e após alguns desentendimentos, ambos são enviados para uma operação especial em um país em guerra. O dorama foi ao ar em 2016 (você pode encontrar no Viki), mas foi exibido dublado na TV aberta pela primeira vez em 15 de fevereiro de 2021, pelo extinto canal Loading.

Muitos dorameiros de primeira viagem se encantaram por essa história tão aclamada, e a série ganhou diversos prêmios e um hype gigante que carimbou o título como um dos clássicos dos dramas coreanos com direito a paródias além do tempo. Sim, em termos de popularidade e agregador de fãs, era o Pousando no Amor de 2016, e as semelhanças não param por aí.

@haertou

Em primeiro lugar, a história se passa em outro país, no caso, Uruk, um país fictício em guerra, inspirado no Iraque, com filmagens na Grécia e em locais remotos da Coreia do Sul (Taebaek, Gangwon, Paju e Gyeonggi). O clima de animosidade e de “missão especial” é parecido com Pousando (tem até a cena da mina), assim como a relação de “amor e ódio” do casal principal. Porém, aqui o capitão Shi Jin (Song Joon Ki) é um doce, enquanto a médica Kang Mo Yeon (Song Hye Kyo) é durona. O casal tem tanta química, que os atores até chegaram a se casar no ano seguinte (infelizmente, eles se divorciaram dois anos depois). Então as fagulhas que vemos em cena eram bem reais.

Elenco

Antes de tudo, uma curiosidade para fãs de k-pop, especialmente SHINee: o ONEW fez um residente de medicina.

Song Joong Ki (Nova Ordem Espacial, Vicenzo, Crônicas de Arthdal, Escândalo em Sungkyunkwan) traz uma fofura sedutora, um “agridoce” para o capitão. Uma curiosidade é que ele tinha acabado de voltar do alistamento militar obrigatório quando começou a gravar essa série, então o treinamento estava tinindo na cabeça. O personagem é sagaz, tem um jeito de menino provocador e um charme inegáveis. Na dublagem, isso é muito bem traduzido também.

Já a Song Hye Kyo (Encontro; Naquele Inverno, O Vento Soprou; Full House de 2004) é uma das atrizes mais populares na Coreia do Sul e quatro anos mais velha do que Joong Ki – isso é relevante porque a história é, então um “noona romance”, no qual a mulher é mais velha. Ela traz uma firmeza e uma voz de comando para a médica, que é uma protagonista bem forte – uma das mais duronas do mundo do K-drama. No começo, a dra. Kang é até um pouco irritante, é normal ter “ranço” da personagem no início, mas de repente quando ela passa por certas situações icônicas, você entende e torce por ela.

@nurabiaylmaz

Passado os principais, temos também um casal secundário muito amado, às vezes até mais do que os principais: Seo Dae Young e Yoon Myeong Joo. O primeiro é um sargento major (Jin Goo, de Mr. Sunshine), com uma personalidade mais séria, reservada e “fria”, contrastando com o capitão e seu melhor amigo. Ele é apaixonado por sua superior e filha do general, Myeong Joo, interpretada pela Kim Ji Won (de Lutando pelo Meu Caminho, Crônicas de Arthdal, Herdeiros e Apaixonados na Cidade: Lovestruck In The City), que teve um ponto de virada em sua carreira aqui. A personagem é uma cirurgiã do exército resiliente, que tenta lidar com seus sentimentos pelo subordinado. O casal tem como tema minha música favorita do dorama, Once Again (por Mad Clown e Kim Na Young). Uma curiosidade: eles aparecem mais tarde em Mr. Sunshine, outra obra da Kim Eun Sook, como pais da Aeshin.

Trilha Sonora

E já que estamos falando de músicas…

A versão dublada tem tido algumas substituições, mas espero que mantenham as músicas instrumentais e cantadas, porque é simplesmente uma das melhores trilhas sonoras de dorama de todos os temos. As músicas são completamente inesquecíveis (“Ooooh Everytime I seeeeee you…”), com o suprassumo das cantoras de k-ballad: Davichi, Gummy, Yoon Mirae e Lyn, nos melhores momentos de abraçar o coração. Você não pode deixar de conhecer, mesmo se não for assistir ao dorama.

E a trama, é boa?

O roteiro é da Kim Eun Sook (Goblin, Mr. Sunshine, O Rei Eterno e Herdeiros) com o Kim Won Suk (Man to Man) e foi premiado como a melhor de 2016 pela KBS. A história traz o melhor da autora: amor com percalços, casal apaixonante com conflito de personalidades, cenário de encher os olhos, comédia romântica alternando momentos de ação, drama médico, charme e singularidade. A obra mais próxima disso que me deu uma sensação semelhante foi Pousando no Amor. A comédia é no ponto, sutil, com personagens cativantes. Há uma sensação de importância na história – com cenas realmente memoráveis, tensas e tristes, e também dá vontade de torcer pelos casais, inclusive (e alguns mais) pelo secundário.

O lado ruim: como pode acontecer em alguns kdramas que se propõe a abordar ação, a história tem vários momentos “forçadinhos”. Não vou mentir, tem cenas melodramáticas que podem fazer você torcer o nariz. Aquele momento “não acredito que ele sobreviveu depois dessa”, momentos heróicos um tanto absurdos e ele mesmo, o vilão canastrão Kyle Moore, aqui interpretado pelo David McInnis (De Iris, Iris 2 e Mr. Sunshine) estão ali sim. Mas acontece que a ação, a parte militar e médica são um tempero para a comédia romântica, mais ou menos como Pousando também, porém mais presente. Ou seja: é comédia romântica, mas acaba encantando por trazer elementos que lhe eram únicos com cenas de drama inesquecíveis (pode ter certeza que você vai guardar pelo menos umas três). Uma joia que pelos motivos acima marcou sua época, daquelas que entram em listas de “doramas obrigatórios para iniciantes”.

Ainda assim, há quem diga que tem nota alta demais. Concordo que a história promete um dramalhão médico e militar no pôster que corresponde só a alguns episódios e não se sustentaria sem o carisma dos atores, a cinematografia ou as músicas marcantes. O visual, a promessa, os conflitos do país, a cena que estampa o pôster dão a entender que vai ser outro tipo de história e podem frustrar quem vai buscando uma série coreana militar, de ação e guerra. Por isso, eu aviso: não é sobre isso. É uma ótima comédia romântica com uma roupagem diferente. A história é legal, mas não é nada épica como parece. Dito isso, você deve entender se é ou não bom para você.

Se você gostou de Pousando no Amor, apenas vá e assista. Existe uma chance alta de você gostar. Se você é completamente leigo de doramas, também. Descendentes do Sol é uma daquelas séries que fica guardadas em algum lugar no coração, seja pelo que nos fez sentir na época, seja por um acorde da bela trilha sonora ou momentos icônicos, engraçados e cinematográficos tão além do esperado. Há tantas cenas que me marcaram! Antes que alguém pergunte: não existe segunda temporada de Descendentes do Sol e provavelmente não vai existir.

De fato, não é das histórias mais marcantes, mas é das ambientações e cenas mais memoráveis da época (2016), o que a fez ganhar constantes lembranças e paródias, por isso acredito que sobreviverá ao tempo e continuará sendo recomendada, como Goblin.

Nota:

Avaliação: 4.5 de 5.

A meia estrelinha perdida, para mim, foi por conta de alguns acontecimentos do final, que achei um pouco enrolados e também porque eu esperava que a situação em Uruk fosse se tornar um pouco mais tensa, mas ao todo, vale a pena, com certeza.

O que ver a seguir?

Se ainda não te convenci a ver Pousando no Amor, leia esse texto. Um pouco mais de ação e clima político, tente O K2. Há quem recomende Healer (2014) pela trama política misturada com o objetivo de salvar pessoas e um casal aclamado. Se ao ver uma certa cena de deslizamento o que você procura é algo mais sério, com sobreviventes de uma tragédia, acho que Somente Entre Apaixonados é uma ótima pedida.

4 comentários

  1. Faz muito sentido o que você disse! Eu comparei as duas séries mais no sentido de que na época foi tão famosos quanto e, pra época, era uma produção graúda. Mas hoje em dia, concordo que Pousando no Amor é mais bem escrito e produzido ♥ abraços

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  2. Olá!
    Me indentifiquei com esta resenha, porém parcialmente. No que tange a trilha sonora, roteiro, fotografia e atuação / carisma dos atores e as críticas sobre alguns exageros eu penso como você.
    Mas não vejo relação com Pousando no Amor . Nesta última existem situações e “coincidências” mais absurdas e a forma como a história foi contada não emociona.
    Enfim são percepções pessoais.
    Eu sou completamente apaixonada por Descendants of the Sun, minha segunda série do coração. A primeira é Something in the Rain, que aliás não vi uma resenha por aqui. Acho que ela merece!
    Aproveito para dizer que estou gostando muito da forma que você escreve.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Entendo o sentimento! Pessoalmente, achei Descendentes do Sol mais emocionante. Minha comparação foi mais no intuito de estimular o pessoal que conheceu Pousando no Amor como primeiro dorama a começar a ver outros tipos de dramas. Pensei no burburinho da época, dos casais, das músicas e tudo o mais e achei esse “hype” bem parecido com o que tivemos com o Pousando.

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  3. Juliana, em primeiro lugar parabéns pelas resenhas, gosto muito de suas colocações, em especial, admiro a abordagem de dramas atuais mesclado a outros mais antigos. Para nós dorameiros, isto é bastante relevante. Eu assisti Descendentes por duas vezes, uma em meu início de vida dorameira e outra recentemente. Concordo com boa parte de sua resenha, particularmente em relação a OST, sem dúvida uma das melhores de todos os tempos, quanto ao carisma dos atores e também quando diz que a propaganda não se equipara a história. Ainda que de relevância no mundo dramaland, Descendentes tem em sua trama muitos pontos que deixam a desejar, promete muito além do que realmente vamos encontrar. Tenho grande apreço por Song Joong ki desde The Innocent Man, na realidade sou sua fã incondicional e acompanho regularmente tudo que posso sobre sua vida e produções. A única coisa que não concordo contigo é a abordagem comparativa com Pousando no Amor. Para mim, embora ambos sejam comédia romântica, são tramas completamente diferentes, incluindo roteiro, cenário, qualidade cinematográfica e foco de intensão. Pousando no Amor, a despeito da relevância histórica de Descendentes, tem uma produção muito superior. Mas esta é apenas minha opinião, é claro. Obrigada pelo trabalho, seu blog é muito interessante.

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