Twinkling Watermelon é um dorama de 16 episódios sobre um garoto de uma família surda que viaja a 1995 e se torna membro da banda de seu pai, descobrindo que ele nem sempre foi surdo e era apaixonado por outra garota! Sua missão será bancar o cupido, enquanto descobre a história de sua família. Vi pela Viki. Antes de mais nada, não se engane com a premissa tão aparentemente clichê! Essa história é muito mais do que aparenta.
Quem diria que um dorama com um nome tão estranho seria tão adorável? A roteirista é a respeitada Jin Soo Wan, responsável por sucessos como Chicago Typewriter, Kill Me Heal Me e A Lua que Abraça o Sol. A direção é de Son Jung Hyun (When My Love Blooms). Tudo aqui é tão redondinho que nem parece uma fantasia clichê de retorno ao passado. O ritmo é constante e te prende do início ao fim. O trabalho de direção torna tudo conciso e mágico, mantendo a nostalgia de 1995.
Melancia Cintilante é agradável desde o primeiro episódio. Eu tenho mania de assistir a doramas sem ler a sinopse, então até chegar ao episódio três eu nem ao menos sabia que era uma história com viagem no tempo (que eu também adoro). Foi um pouco estranho ser pega de surpresa, mas algo muito interessante é que mesmo sem saber da fantasia, fui envolvida cada vez mais na premissa, pelos personagens inusitados inseridos em uma aparentemente simples história de banda de jovens.
Elenco
Ryeoun ( de a “Temperature of Love”): É um protagonista que poderia ser genérico, mas possui camadas bem claras sobre seus senhos e o que o deixa irritado. Cansado de ser troféu de seus pais e chamado de anjo, sem capaz de viver sua individualidade.
Choi Hyun Wook (D.P. Segunda Temporada; Vinte e Cinco, Vinte Um; Racket Boys; Taxi Driver): o perfeito garoto livre e inconsequente, que representa todas as belezas da juventude. É muito interessante ver sua inocência, sua pureza de espírito. Impossível não comparar com o seu eu do futuro (interpretado pelo ator excelente Choi Won Young- de Youth of May, My Dangerous Wife, Mystic Pop-up Bar, Hyena, SKY Castle, Second 20s…), como manteve sua essência dócil.
Seol In Ah (Strong Woman Do Bong Soon, Pretendente Surpresa): Como falar dessa personagem sem dar spoilers? Vamos dizer que no início da série, ela é uma garota um tanto intragável. Criada para ser perfeita, acaba se tornando arrogante. Porém, depois de uma viagem, ela se torna uma mocinha alegre e machucada, que, ao buscar dar um fim em sua vida, acaba encontrando paixão na mesma.
Shin Eun Soo (Melodia de Esperança): a personagem que mais me encantou no seriado. Doce, gentil, reprimida e sofrendo por um amor não correspondido. Achei adorável, com uma atuação tocante que me fez querer abraçá-la. Quanta doçura!
Explicação do nome do dorama
A série vai fazer isso em algum momento, mas farei aqui também: ”Viva la Vida”, pintada por Frida Kahlo em 1954, é uma das últimas obras da renomada artista mexicana. Nesse quadro, há uma série de melancias em um estilo que reflete as raízes culturais de Kahlo. Apesar de sua aparente simplicidade, a pintura é carregada de simbolismo e pode ser interpretada como uma afirmação da vida diante das adversidades pessoais e de saúde que Kahlo enfrentou – ela morreu pouco tempo após pintar esse quadro. É frequentemente citado como exemplo da habilidade de Kahlo de integrar elementos do folclore e da cultura mexicana em sua arte, mantendo um estilo distintamente pessoal e expressivo.
Conclusão
Na superfície, temos uma trama muito interessante e de fácil identificação: seguir uma profissão pela paixão ou pelo dever? Uma comédia romântica simplesmente encantadora, que dá vontade de rever.
Mesmo com as reviravoltas e elementos acrescentados no meio da história, a roteirista faz um trabalho ótimo de manter a consistência e a sensação de coesão. É um dorama que cativa, envolve, e que faria um sucesso estrondoso no Brasil se tivesse dublado e na Netflix.
Uma história doce, muito levinha, mas com conteúdos muito interessantes e emocionantes. Tem muita reflexão que é possível ser feita aqui; até o último segundo o dorama nos envolve com suas possibilidades. Afinal, do que somos feitos? Se mudássemos o futuro ainda seríamos nós mesmos? É possível mudar o futuro? Quem amamos é feito do quê? Algumas questões poderiam ser ainda mais exploradas, em uma segunda temporada (e eu sou do tipo que defende sempre as temporadas únicas).
É ótimo para pensar em nossos pais, em uma linguagem mais jovem do que Dear My Friends é capaz de alcançar, mas a seu modo igualmente profunda: carregamos traumas geracionais. Nossos “pais maus” são crianças traumatizadas.
Além do tema inclusivo, temos um aprofundamento na figura dos filhos como “objetos dos pais” e todo um processo de individuação do sujeito na adolescência, descolando sua imagem das projeções de ideais de seus cuidadores. Porém, a história também trabalha o fato de que “o fruto não cai longe da árvore”, no caso, porque aquele sujeito que se constitui também acaba influenciado por seus pais, seus gostos, sua herança subjetiva, construída por vezes inconscientemente. Somos reflexos de nossos antepassados.
É um convite para conhecer nossas origens, bem como revisitar momentos nostálgicos, trazendo a reflexão de por que nos tornamos o que somos hoje, bem como olhar para as pessoas ao nosso redor. Se eu recomendo? Eu diria que é o melhor dorama que vi de 2023 com facilidade. Tudo nele é belíssimo do começo ao fim, com uma leveza única de uma comédia romântica bem escrita.
Nota:
O final de uma das personagens deixou um pouco a desejar. Mas isso não compromete a obra como um todo
O que ver a seguir?
Senti ares fortíssimos de 25, 21, mas Melancia é mais fofo e menos dramático. No entanto, recomendo.
Nunca vou cansar de recomentar Twenty Again, que não é exatamente uma volta literal para o passado, mas é uma mulher de 40 anos que decide recomeçar sua vida como estudante universitária após uma gravidez que a levou a um casamento infeliz.
Para reflexões muito profundas sobre traumas geracionais, eu recomendo fortemente The Good Bad Mother e Dear My Friends.

Um dos melhores que vi em 2023.
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Olá. Esse titulo não entrega nada mas pelos seus comentários vou assistir. Obrigada pela resenha.
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Dê uma chance!!! É muito sensível. Eu adorei.
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