Resenhas de Kdrama

[Resenha] Her Private Life: repeteco de Secretária Kim vale só pelo fanservice do casal e para fãs de Kpop

Sua Vida Privada conta a história de uma dedicada curadora de arte que nas horas vagas é secretamente uma fã completamente obcecada por um membro de um grupo de K-pop. Sua vida vira uma bagunça quando o temido novo diretor de arte do museu pode descobrir seu segredo. Os dois começam a se conhecer melhor e descobrem que muito de suas vidas pode estar entrelaçada. A história conta com 16 episódios e foi exibida na tvN em 2019, estando disponível no Viki.

O texto original é como se fosse um tipo de história de “Wattpad”, de autoria de Kim Sung Yeon, publicado em 2007 com o título Noona Fan Dot Com (Algo como “Fã Mais Velha Ponto Com” em tradução livre). A direção é do Hong Jong Chan (de Dear My Friends, Life e Live Up To Your Name). Esteticamente, o dorama traduz bem a proposta, trazendo um aspecto divertido dos quadrinhos originais, porém, a história caberia em um filme.

A fórmula é muito similar a O que Houve com a Secretária Kim, e eu recomendaria esta série apenas se você gostou de Secretária Kim. Do contrário, acho mais fácil deixar Her Private Life para lá ou para depois. O motivo é que as semelhanças são muitas, mas falta charme, fôlego e, principalmente, história para Her Private Life. Os elementos principais estão todos lá: relação chefe poderoso e funcionária exemplar, homem rico e moça mais humilde, mal entendido, homem arrogante e mocinha doce, passado entrelaçado (uma das coisas mais desnecessárias de ambas as obras), protagonista masculino com problemas com abandono. A diferença principal é que Secretaria Kim, que já não é profunda, mas é fofa, consegue dar mais fôlego para o resto do elenco e costura melhor a história no meio do fanservice, enquanto Her Private Life não dá para entender nem a sinopse direito e de repente começa a jogar um mistério de passado bastante previsível. O conflito esgota muito rapidamente – já no episódio 7 nem faz mais sentido a presença de alguns personagens, que ficam andando em círculos e não têm como evoluir, mas eles continuam aparecendo, como se fossem personagens com bordões em uma sitcom.

O que segura o dorama em pé é o elenco e a parte técnica. As músicas, por exemplo, são chicletes e bonitinhas, contando com abertura do (G)I-dle e outras duas marcantes: Maybe (Da Lee Hae Ri) e Boom Boom (Hong Dae Kwang). A edição do episódio faz o melhor que pode com o material, fazendo uso de elementos visuais para dar um gás nas cenas e até de piadinhas internas e memes de fãs. É bem engraçado principalmente se você é fã de K-POP que usa Twitter ou já teve um ídolo e passou vergonha por causa dele. Com certeza vai se identificar com algum sentimento da protagonista, reconhecer os termos (sasaeng, fansite, fanmeeting, os sorteios dos álbuns, fanwar…) e entender a dinâmica de tudo que está rolando. Aqui dá para entender os fãs da série, porque a protagonista é próxima da audiência como poucas. Porém, até isso, que parecia ser o fator principal da série, uma hora perde a relevância e você fica sem saber o que estava assistindo. Isso é um sinal de que a trama segue sem rumo.

Na época, algumas críticas foram feitas ao dorama por romantizar as fãs que seguem os ídolos e até colocam suas vidas em risco por isso, mas pessoalmente achei que houve uma linha clara do que é uma sasaeng (uma fã completamente insana que é capaz de enviar de invadir casas e ameaças para o ídolo em questão) e uma fã “hardcore”. A abordagem é bem leve e em nenhum momento tenta aprofundar nessa questão (e nem em nenhuma outra), o que significa que nem chega perto de se tornar problemático, na minha opinião, tampouco consegue retratar esse universo direito, o que poderia ser uma maneira de fortificar a trama.

Os personagens principais são muito apaixonantes e encantadores. Park Min Young (Caçador da Cidade, O que Há de Errado com a Secretária Kim, Rainha Por Sete Dias) é mesmo uma rainha da comédia romântica. Porém, a personagem é basicamente a Secretária Kim, igualzinha: extremamente competente, uma profissional perfeita. É linda, batalhadora, um pouco atrapalhada e gente como a gente da porta de casa para dentro. Isso não é uma ofensa necessariamente já que gostei da personagem – especialmente porque dá para se identificar – e adoro a atriz, mas se você procura algo novo, talvez a diferença principal é que a Sung Deok Mi é bem mais boba, atrapalhada e sonhadora.

@dazzlingkal

Já o Kim Jae Wook (Voice, Príncipe do Café e o desastroso Temperatura do Amor – da autora do também duvidoso Passarela de Sonhos) é muito charmoso, jocoso, sexy e divertido. Seu personagem tem semelhanças com o CEO narcisista da Secretária Kim, como o fato de ser prepotente, temido, distante, muito sério e com um trauma de infância. No entanto, o trabalho do Kim Jae Wook é bem diferente do Park Seo Joon, até pela característica do personagem não ser narcísica caricata, mas partir para um lado gênio arrogante. Como casal, eles funcionam muito bem. A doçura inerente da atriz se funde com o jeito sarcástico e sedutor dele.

O elenco de apoio é bem escalado, mas os personagens não se sustentam por muito tempo, tornando-se praticamente dispensáveis e repetitivos, com uma nota só. Cha Si An é interpretado pelo idol na vida real ONE. A melhor amiga, interpretada pela Park Jin Joo, é carismática e engraçada, igual em Tudo Bem Não Ser Normal. O melhor amigo (Ahn Bo Hyun, de Descendentes do Sol, Itaewon Class e Kairos) demora para entendermos a relação ali e não me cativou o suficiente para que me importasse com seus sentimentos. A Kim Bora, de Sky Castle e A Lenda: Um Luxo de Sonhar, interpreta uma sasaeng que irrita pelo excesso. O fato é que todos os secundários são sustentados pela mesma piada até o final.

Com tudo isso, a história é fraca, beirando ao inexistente, com ares de folhetim. É engraçadinho, fofo, mas é só isso. Parece uma fanfic criada só para usar “photoplayers” e jogos de “face claims”, com alguma trama sobre adoção pálida, perdida no meio da tietagem e dos museus.

@leekangdoo

Apesar disso, a química dos atores principais vale a pena, principalmente caso você seja o tipo de pessoa que busca “melhores beijos de dorama” e cenas mais quentes. A má notícia, já vou spoilar, é que mais da metade desses momentos é tão fanservice que nem aconteceu de verdade, só estava na cabeça da protagonista. Toin. Melhor do que seca de beijos, é verdade.

Em termos de risadas, química do casal, beijinhos e fanficagem, Her Private Life cumpre seu papel. É um dorama fofo, romântico e bonitinho, mas a história, apesar de ser um bocado original, não se aprofunda e portanto não empolga, e ainda enrola demais para cumprir o contrato dos 16.

Em resumo, se você tiver outra coisa na lista, talvez seja melhor priorizar. Existe coisa muito melhor para assistir, mas se você é fã dos atores, como eu, ou só quer mesmo ver uns beijinhos e curtir umas cenas fofas e com clima sem o menor compromisso com uma história que te prenda, pode ir sem medo. Afinal, a vida “privada” dela é muito mais interessante do que a trama pública do do dorama.

Nota: (dei mais meio ponto por causa das cenas do casal, mas achei muito fraquinho)

Avaliação: 3.5 de 5.

O que ver a seguir:

Se você gostou da traminha de confusão sobre a sexualidade da personagem principal e sua amiga, existe uma chance de gostar de Gosto Pessoal (Personal Taste), que é basicamente sobre isso, com drama e uma historinha mais “cafoninha”, por ser bem antiga.

Se você gosta de histórias de fingir namoro, Pousando no Amor (Crash Landing On You) é um dorama superior em todos os sentidos.

Já O que há de errado com a Secretária Kim é praticamente obrigatório se você gostou desse drama, porque é realmente muito parecido.

9 comentários

  1. Amei a série! História leve, divertida e muita química entre o casal. Entendo que o objetivo não era aprofundar o tema “lado neura” de fãs; girava basicamente em torno de a personagem principal não querer ser descoberta como fangirl. Não era um documemtário sobre sasaeng (rsrs). Confesso que as cenas de beijos que eram só nos pensamentos da mocinha me deixaram um pouco louca, mas não é pela quantidade de beijos que eu avalio uma produção. A sério passou exatamente a mensagem a que se propôs. AMEI.

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  2. Amei a série! História leve, divertida e muita química entre o casal. Entendo que o objetivo não era aprofundar o tema “lado neura” de fãs; girava basicamente em torno de a personagem principal não querer ser descoberta como fangirl. Não era um documemtário sobre sasaeng (rsrs). Confesso que as cenas de beijos que eram só nos pensamentos da mocinha me deixaram um pouco louca, mas não é pela quantidade de beijos que eu avalio uma produção. A sério passou exatamente a mensagem a que se propôs. AMEI.

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  3. Só vi falar mal do dorama.
    E que a maioria das cenas de beijos só acontece na cabeça , onde isso?? Só foi uma única vez em todo o dorama, e o dorama é muito leve e bom de acompanhar, o casal é extremamente apaixonante, e tem uma SUPER química, se apoiam, e ajudam mutuamente um ao outro a superar traumas passados, vale super a pena!

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  4. Meteu o pau mesmo criticando her private…dorama nao é fraquinho, se tivesse 2 temporadas, temperando ainda mais a historia..

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