A série coreana Juvenile Justice entrou dublada na Netflix em 2022. Com apenas 10 episódios, tem o diretor Hong Jong Chan (Her Private Life) no comando da história da Kim Min Sook.
É a primeira vez que vou comentar um dorama jurídico. Não estou acostumada com essas séries, mas fui conquistada por esse título e provavelmente vou começar a ver títulos parecidos. Dito isso, minhas impressões são de uma principiante no gênero.
Sinopse
A nova juíza do tribunal especializado em menores infratores promete abalar o julgamento dos casos, enquanto lida com seu próprio passado. Sua personalidade fria é questionada, mas ela não esconde de ninguém que odeia criminosos menores de idade e não está disposta a tolerar condutas foras da lei, nem mesmo no caso de um superior. Mas será que ela aguenta quando o caso lhe diz respeito?
Elenco
Kim Hye Soo, atriz veterana que foi principal em Hiena (também na Netflix) e em Signal, interpreta a juíza Shim Eun Seok. Conhecida por sua rigidez, ela não esconde que odeia menores infratores, principalmente aqueles que, na visão dela, aproveitam as brechas da lei para cometer crimes com a certeza de impunidade. Fria, firme e reservada, a juíza possui um motivo para agir dessa maneira, algo que a série abordará no final da temporada. Achei a atuação envolvente, condizente e “de arrepiar”. A atriz consegue imprimir na personagem sua aura “assustadora”, ao mesmo tempo que coloca nuances de seu sofrimento oculto. É uma mulher à beira de um colapso e que batalhou para vencer o machismo, o que aparece logo no começo, quando é tratada como uma cliente pelo juiz assistente, quando na verdade é a nova juíza.
Apesar de ser vista como insensível, Shim Eun Seok se envolve nos casos de corpo e alma, indo além do trabalho de um juiz e passando a agir feito policial e detetive em alguns casos, a fim de buscar uma resolução justa para a vítima.
Kim Mu Yeol (Grid, da Disney+) é o juiz assistente Cha Tae Joo, o total oposto da juíza Shim. O juiz Cha é um homem simpático e que se esforça para enxergar os motivos sociais que levam os jovens a cometerem tais crimes. Ele, que também já foi um menor infrator, acredita na reabilitação e em uma segunda chance. Assim, ele se junta à juíza para investigar os crimes mais à fundo, mas também bate de frente com ela, até que entende por que ela age daquela maneira. É um personagem bondoso, que usa a lei acreditando na recuperação.
Temos também Lee Sung Mi interpretando um juiz que acaba corrompido ao flertar com o poder político e nossa querida mamãe e vovó dos doramas Lee Jung Eun, mas agora na pele de uma juíza veterana durona que preza pela agilidade dos casos.
Quem assistiu Nevertheless (Apesar de Tudo, Amor), vai reconehcer também a Yoon Seo A (a melhor amiga fofinha) aparecendo como uma menor infratora.
A história
A trama trabalha cerca de 1 caso a cada dois ou três episódios e desenvolve os personagens principais enquanto isso, sem “resetar” de um a outro, o que é ótimo. Gostei muito de como não necessariamente os casos terminam de uma forma “feliz” e nem sempre a juíza consegue lidar com o caso da maneira que gostaria – ou que os envolvidos no caso prefeririam – , o que traz um quê realista e um tanto melancólico em clima de injustiça.
Achei bastante maratonável, pois cada final de episódio te puxa para o próximo. Os casos podem se encerrar na metade do próximo episódio, enquanto entram novos. É bem interessante. Quem gosta de um clima de suspense e de investigação vai gostar muito.
Do ponto de vista analisável, não gosto de entrar muito nesse tema, mas há muito o que se pensar sobre o peso da lei e principalmente do ambiente no qual as pessoas são criadas. A série foca bastante no papel da sociedade e nas marcas deixadas por adultos que criam infratores. O dorama traz vários lados possíveis que motivam um crime e como uma resolução a toque de caixa poderia resultar em imprecisões. Cada um dos casos traz um aspecto diferente cujo julgamento anterior não poderia ser aplicado.
Também gostei como a série trata as vítimas, cravando que as consequências nas vidas das vítimas são para sempre, muitas vezes independentemente se o infrator for condenado ou não. Pais que perdem seus filhos, mulheres que foram estupradas, adolescentes que sofrem violência… Todos possuem cicatrizes agora permanentes e fica no ar como elas irão lidar com isso. Nem sempre uma resolução que pareça “justa” conserta o que foi feito. É difícil haver uma resolução na qual todos se sintam realmente representados.
Em geral, achei uma série bem pesada, lidando com uma realidade que tira crianças e jovens de um lugar de inocência e circunstância e os coloca como por vezes convictos autores de crueldade, à espera de impunidade. Também mostra o poder de uma segunda chance e as adversidades que vêm com ela, como a impossibilidade de mudança quando há julgamento constante de outros e um ambiente hostil. Uma ambiguidade levada com nenhum prestígio em uma categoria do direito que, segundo a série, “ninguém quer atuar”.
Enfim, a série não enrola e responde as perguntas levantadas, o que pode significar que não terá novas temporadas. Porém, seria interessante assistir a uma reabilitação da personagem principal e uma melhora em sua vida pessoal.
Nota:
Gostei bastante e me abriu a mente para querer ver mais doramas dessa categoria. A dublagem ajuda bastante a digerir conteúdo e seria ótimo ver mais séries assim em português.
O que ver a seguir?
Faça Chuva ou Faça Sol é totalmente focado nos traumas e na vida pós tragédia de vítimas de um desabamento de um shopping center. Baseado em fatos.
Signal é um baita doramão premiado de investigação policial, com a mesma atriz principal.
DP: Dog Day é sobre o alistamento obrigatório no exército coreano e retrata vários problemas sociais da Coreia e o que os jovens sofrem dentro do quartel. Também está dublado.