Resenhas de Kdrama

Louvor à Morte: dorama no Netflix conta romance trágico verdadeiro

Hymn of Death (2018), ou Louvor à Morte, é um dorama baseado em fatos que está na Netflix, produzido pela SBS. Uma franca abordagem sobre suicídio contando a trágica história de amor entre a primeira soprano da Coreia, Yun Sim Deok, e o autor Kim Woo Jin.

Contado em apenas 6 episódios, que, condensados na Netflix, se tornam apenas 3, o melodrama histórico faz uma homenagem à compositora da música “In Praise Of Death” ( “사의 찬미” ), um clássico coreano eternizado após o suicídio de sua compositora.

O drama Louvor à Morte se passa em meados de 1920, durante a ocupação japonesa da Coreia. Recomendo fortemente assistir a Mr. Sunshine (2018) para poder entender como Joseon chegou a esse ponto. Em resumo, toda forma de expressão da Coreia do Sul era reprimida: era proibido falar mal dos japoneses, bem como exaltar costumes, literatura ou a língua coreana. Os censores estavam por toda parte fiscalizando o que era divulgado, na tentativa de que coreanos se tornassem, pouco a pouco, japoneses (muitos adotaram até nomes nipônicos).

O personagem exige uma certa frieza pragmática de Lee Jong Suk que pode te fazer estranhar

Nesse cenário, temos Kim Woo Jin (Lee Jong Suk, de W, While You Were Sleeping, Pinocchio…), um jovem autor libertário que escreve textos pró-Joseon sob um pseudônimo, tentando manter viva a cultura de seu país. Ousado, ele faz peças provocativas e participa de um grupo de teatro com uma história nacionalista.

Shin Hye Sun faz um ótimo trabalho trazendo doçura e melancolia ao mesmo tempo

Ele acaba recrutando para a trupe a cantora de ópera Yun Sim Deok (Shin Hye Sun, de Thirty but Seventeen), uma estudante de música que vive no Japão com seus pais e irmãos. Ela está acostumada ao estilo de vida do país, sujeitando-se a falar em japonês e abandonar as origens coreanas. Por esse motivo, ela é relutante em aceitar o risco de fazer parte de um grupo com Woo Jin, mas, aos poucos, começa a entender, respeitar e absorver os ideais dele.

A troca entre os dois atores é ótima e cheia de tensão

Como se não bastasse o fato de terem o Império Japonês em sua cola, o casal acaba vivendo outro impasse: Woo Jin é casado, herdeiro de uma família tradicional e rica. Impossibilitados de ficarem juntos, Sim Deok decide seguir seu caminho e viver seu sonho de se apresentar em um grande palco. Porém o amor deles é mais forte e a presença um do outro nunca é esquecida.

O que aconteceria se uma mulher se envolvesse com um homem casado na década de 20, especialmente em um período de transição das grandes tradições de casamentos familiares de Joseon? É por medo do ostracismo, da carreira arruinada por boatos e a vergonha que ambos trariam para suas famílias que os dois acreditam que somente uma atitude drástica poderia libertá-los.

Hymn of Death é sobre duas pessoas que foram esmagadas pela pressão política e social da época. Além de terem que negar sua identidade e viverem controladas em nome da sobrevivência na macroesfera social, eram obrigadas a sustentar um personagem também em suas vidas privadas, em nome de expectativas pré-estabelecidas, carregando a responsabilidade da vida de outras pessoas em suas costas, mas impossibilitados de buscar a própria felicidade em algo simples como o amor.

Os cenários e roupas são de encher os olhos. Há um delicado cuidado estético

É traçando a trajetória deles, com boas doses romantizadas da realidade, que o drama tenta explicar a criação de um ícone da música coreana, e a trágica conclusão da história de Sim Deok e Woo Jin.

São três episódios intensos, de partir o coração, e cujo final você já começa sabendo, seja pelos segundos iniciais do dorama ou pelo contexto histórico. Recomendo com alguma parcimônia, especialmente para aqueles que já possuem histórico de depressão, pois considero que a série pode realmente ser um gatilho para algumas pessoas, já que trata o assunto na perspectiva deles e sem espaço para esperança.

Se você acabou de assistir Mr. Sunshine (confira a resenha no blog), pode considerar Louvor à Morte, ambos no Netflix, um tipo de sequência espiritual, que conta, historicamente, o que houve depois de toda a luta de Ae Shin.

DORAMA X REALIDADE

Vale ressaltar que o kdrama deixa de lado o fato de que o verdadeiro Kim Woo Jin tinha filhos, e deixa a relação dos dois bastante morna e pudica, sem haver uma traição carnal.

Ambos os personagens existiram e você pode ouvir abaixo a versão original de Praise of Death, de 1926. A canção, gravada em Osaka (no Japão), com os acordes da música “Ondas do Danúbio”, de Ion Ivanovici, é considerada uma das primeiras músicas populares da Coreia e tem versões regravadas até hoje. Yun Simdeok e Kim U-Jin cometeram suicídio em um navio que ia de Simonoseki para Busan e suas obras se tornaram populares após sua morte, com um certo fascínio do público pelos motivos que os levaram a isso.

Simdeok sonhava em ser cantora clássica e era muito elogiada por sua poderosa voz, mas, para manter-se economicamente, acabou tornando-se uma cantora pop. A irmã dela, Yun Sung Duk, a acompanhava no piano.

Considerações finais

Hymn of Death é, obviamente, melancólico, porém belo na estética e em sua narrativa taciturna. Três episódios são o suficiente para contar a história, mas dá a impressão de uma decisão precipitada e um desfecho corrido. Talvez mais meia hora desse conta do recado.

É uma pincelada histórica que vai quebrar um pouco a sua maratona de doramas do dia a dia. Destaco a atuação de Shin Hye Sun, que é uma camaleoa!

Também destaco a participação de Go Bo Gyeol, de Mother (2018) e Queen For Seven Days (2017). A direção é de Park Soo Jin, responsável por Enquanto Você Dormia.

As músicas são arrepiantes e muito tristes. “Only My Heart Knows” é uma balada daquelas de ficar chorando dias depois do dorama.

Ficha Técnica

  • The Hymn of Death / Praise of Death / Ode à Morte
  • Romanização: Saui Chanmi
  • Hangul: 사의 찬미
  • Direção: Park Soo Jin
  • Autor: Jo Soo Jin
  • Network: SBS
  • Episódios: 6 (3 no Netflix)
  • Lançamento: 27 de novembro a 4 de dezembro de 2018
  • Exibição: Segundas e Terças, às 22h

14 comentários

  1. Assisti “Mr. Sunshine” e fiquei apaixonada por tudo: pela história, pelo figurino, pela atuação magistral dos protagonistas, pelas paisagens deslumbrantes, pela história da Coréia! Foi meu 1.o Kdrama… fui arrebatada pela produção coreana, e não parei mais! Virei dorameira e comecei a estudar coreano! Um depois do outro, estou assistindo todos os doramas da Netflix! Meu último foi “Romance is a bônus book”, romanticamente delicioso de se ver… grande atuação de meu ator favorito Lee Jong-Suk e da super expressiva e linda Lee Na-Young! Um outro que amei foi “Amor, casamento e divórcio”, antes dele “The young lady and the gentleman”, ótimas interpretações… em suma, encontrei uma infinidade de séries para me entreter, me divertir, boas risadas, muitas lágrimas, muita emoção, muito romance… que maravilha! ❤💐

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