Resenhas de Kdrama

Resenha de Dra. Cha: dorama médico ensina que é possível recomeçar a vida, mas até ator odiou final

Dra. Cha é um dorama de 16 episódios dublados na Netflix que conta a história de uma médica traída por seu marido que muda de vida e se torna residente de medicina após largar a carreira há mais de uma década. Confira um pouco sobre minhas primeiras impressões. Abaixo, resenhas com spoilers e reclamações.

Elenco

No elenco, temos Um Jung Hwa, conhecida por seu papel como Miran em “Our Blues” e “Witch’s Romance”. Kim Byung Chul reprisa seu papel como marido intragável de “SKY Castle“, mas com o passar dos episódios, vai se tornando mais cômico do que vilanesco, ainda que seja um homem péssimo. Sua amante é interpretada por Myung Se Bin (“Avengers Social Club”), que é o amor de ensino médio do marido da protagonista e aguarda casamento desde então.

Já o cirurgião Roy Kim é interpretado por Min Woo Hyuk (“O Sorriso Deixou Seu Rosto” e “Amor com Falhas”).

Os filhos são interpretados por Song Ji Ho (“Stranger 2”, “Você é Minha Primavera”, “Search:WWW” e “Hello, My Twenties!“) e Lee Seo Yeon (“Trinta Mas Dezessete“). O primeiro gera alguma simpatia, a segunda é uma personagem um pouco apagadinha, mas é uma filha que se sente deixada de lado depois que a mãe focou na carreira.

Temos também a presença de Cho Hyeyeon, idol do grupo de kpop Gugudan, que disbandou em 2020, como a residente namoradinha do filho da protagonista. Ela mudou o nome artístico para Jo Aram.

Opinião e análise

É o primeiro trabalho de roteiro de Jung Yeo Rang em doramas, e até que foi bem divertido. A série começa bem, porque causa muita identificação com o público: uma mulher casada, com filhos e uma vida de dona de casa decide assumir a própria vida e começar a viver seus próprios sonhos. Muito espirituosa e cheia de humor, a série arranca boas risadas e traz novas oportunidades para a personagem. Porém, apesar de ter um começo empolgante, com o tempo a série vai se perdendo um pouco. Parece que os roteiristas estavam com dó do protagonista masculino, baseado no fato de que o ator é muito amado. Prontamente a série vira uma comédia em momentos que não deveriam ser engraçados e perde a mão no que é ridículo, como as lutas no chão entre ele e o rival da protagonista. É um pouco chocante e de mau gosto, difícil de ser levado a sério em certas resoluções (como a do incêndio), que parecem mais de um dorama de adolescentes do que pessoas adultas. Além disso, também tem cenas importantes que são só imaginação do personagem.

Em contrapartida, algumas cenas foram delicadas, mas menos por causa do roteiro e mais pela entrega da atriz. Também adorei ver o marido dela se ferrando bastante perto do final (ele sentado no chão chorando ou olhando a mesa vazia foi ótimo), mas o clima de humor dentro disso fica um pouco indigesto, para mim pelo menos. Gostei também da rivalidade feminina bem resolvida entre as duas e nenhuma delas querer ficar com o traste… Tem coisas boas nesse dorama, mas tem algo estranho.

A trama paralela do Doutor Roy Kim para encontrar seus pais foi totalmente desnecessária e mal desenvolvida e só serviu para encher episódios, que poderiam ter ceninhas fofas entre eles, em vez de deixá-lo pairando como um urubu atrás da carne seca e ter um final TÃO decepcionante. O fato é que não deveriam ter introduzido um certo personagem se seu desenvolvimento fosse tão pífio desse jeito. O próprio ator detestou o andamento de Roy, especialmente o final, e não queria gravá-lo!

“Até o diretor mencionou que sentiu pena de Roy depois de completar a edição final do episódio 16”, disse ao jornal Sports Chosun. “Eu gostaria que a trama me permitisse permanecer amigo de Jung Suk ou entender o verdadeiro significado da família ao me reconectar com meus pais adotivos nos Estados Unidos”, explicou o ator.

O personagem ficou ali, como se estivesse ainda no primeiro episódio. Não sabemos nada sobre ele, não desenvolveram nem seu interesse direito. É claro que um personagem assim não poderia terminar do nada com a protagonista. Insosso, não deveria nem existir na história se era para ser assim.

Pior do que isso: pensei que as cenas finais teriam o momento da Dra. Cha finalmente ser feliz no amor, mas em vez disso ele está COM OUTRA e é isso? Gente, eu assisti 16 episódios para ver essa mulher feliz, de salto 15, usando vermelho e com um boy apaixonado rastejando atrás dela. Eu sei que a ideia de ter um amor par resolver sua vida é errada, mas não seria nada parecido com isso o final da série: ela se encontrou em todos os aspectos da vida! Acho válido que ela queira só viver, depois das experiências de quase morte, mas achei muito frustrante.

Com tudo isso, Dra. Cha ainda é um dorama agradável, que cumpre um papel de mostrar a desvalorização da mulher na sociedade coreana em suas diversas áreas e como elas precisam ser muito duras para ter alguma voz. Fala do papel esmagador do casamento e como é sufocante suportar a família do marido virando praticamente uma serva. A série poderia ser mais consistente, mas é só uma comédia com algumas mensagens interessantes sobre independência feminina e a chance de viver uma vida própria em qualquer idade, mas não chega a ser romântica, o que teria sido uma cereja no bolo para subir (muito) a nota. Entendo uma certa intenção de não romantizar a ideia de que um homem pode salvar tudo na vida de uma mulher, mas os dois estavam caminhando tão lentamente que, nesse caso, não teria problema nenhum, já que tivemos tanto foco na evolução dela no trabalho.

Enfim, final xoxo e repentino, mas ainda vale a pena ser vista, especialmente para mulheres que já foram casadas ou estão presas em casamentos infelizes. É alegre, mas fala de coisas importantes, só não atinge todo o seu potencial.

Recomendação

Se você também ficou frustrado com esse final, vá se redimir desse dorama assistindo a Second 20‘s, porque é basicamente essa história feita de um jeito mais romântico.

nota:

Avaliação: 3 de 5.

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dOAR

4 comentários

  1. Odiei o final de dra Chá.
    Levando em consideração que a personagem não mantinha contato físico com o marido há dez anos durante todos os episódios passa a impressão que o marido é culpado não valoriza a esposa e ela sente nessecidade de carinho e contato físico e sofreu durante dez anos a falta de um homem na vida dela.
    Qdo ela recusa o relacionamento com dr Roy ou poderia ser outra pessoa passa a impressão que ela não aprecia nenhum relacionamento com sexo oposto, daí toda revolta que sentimos contra o marido egoísta cai por terra,ou seja a culpa não é dele. Enfim final idiota e decepcionante,perdi meu tempo assistindo todos os episódios.
    A única saida é ter uma segunda temporada e proporcionar uma vida a dois pra dra Chá, afinal ela boa pessoa mas não é santa.

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